terça-feira, outubro 17, 2006

UM ENTRAVE AO ENSINO?

Publicado originalmente em maio de 2005


Os últimos anos têm sido marcados por uma excessiva tendência, que se observa mundial, em se promover a qualquer custo, a transmissão de conhecimentos, informações ou esclarecimentos úteis ou indispensáveis a fins determinados: instrução, ensino e educação. A escola deixou de ser um local qualquer e passou a ter “local” privilegiado.
Qual é o verdadeiro valor da escola? O aprendizado conceitual, a quantificação, a socialização, o estabelecimento de limites? E quando se tem em mente o ensino superior, e sua produção industrial no Brasil??
Vivemos numa sociedade marcada pela competição dita selvagem, mas em verdade inconseqüente, onde podemos constatar o óbvio: que os valores estabelecidos não têm dado resposta satisfatória aos anseios sociais. Dito de outra forma, a geração daqueles que passaram por estudos regulares, não foi suficiente para gerir uma sociedade em que pudéssemos conviver com harmonia suficiente, e para constatar tal realidade, nem mesmo esforço de atenção é necessário. Podemos indagar: o que faltou no sistema de ensino proposto nas décadas anteriores? Educação moral e cívica não é a resposta. Estudo dos problemas brasileiros nas universidades também não. Parece que existe algo além de um simples educar, transmitir conhecimentos.
Sabemos que as técnicas de ensino e todas as demais possibilidades na transmissão de conhecimentos tornaram-se mais e mais elaboradas, mas o que fazer diante da constatação de que não só a capacidade de aprendizagem, como também o exercício do aprendizado depende de bases extra-curriculares que lamentavelmente a grande maioria dos brasileiros se vêem órfãos. Qual o sentido do excessivo estímulo ao ensino curricular em escala industrial quando a verdadeira ênfase deveria ser dada à primeira infância, família, berço.
Abertura, di-álogo, di-ferença, di-versidade, conceitos capitais para compreensão do outro, da relação eu-tu. O reconhecimento, o apreender destas concepções elucidam o questionamento com relação ao papel do ajudante professor e nos ajudam também a compreender o sentido amplo da relação professor-aluno que sem nenhuma dúvida se funda muito antes que ela venha se revelar. Devemos pensar sobre isto?