segunda-feira, outubro 16, 2006

FORA DE ALCANCE DO BISTURI?

Publicado originalmente em 2003


De etiologia psicológica e manifestação orgânica, os chamados fenômenos psicossomáticos, parecem ser um dos grandes desafios do século. Sem ser considerado um Sintoma, teoricamente definido pela psicanálise e pela psicologia mas com características bastante especiais, esta fenomenologia evidencia dificuldades nos processos de simbolização, algo como um rosto sem face ou mesmo uma paixão sem amor especificado.
Estudados com rigor pela reconhecida escola de Paris, tais fenômenos desafiam a clínica médica e psicológica, e colocam em evidencia fatos observados desde o mitológico Asclépio, aquele velhinho que andava com um bastão e uma cobrinha enrolada: o símbolo da medicina.
Atualmente definidas como de tipos conversivos e não conversivos, a primeira sim, um autêntico Sintoma psicológico, as psicossomatizações ganham espaço no domínio público, assim como as preocupações com os aspectos emocionais passam a ter um sentido maior, não somente em relação ao indivíduo isolado, mas também enquanto individuo inserido em instituições.
Talvez alguns questionamentos sejam pertinentes: quais os destinos possíveis em relação à psicossomática? medicamentos, psicoterapia, bisturi, férias, tudo isso junto? Algo multidisciplinar?
O conhecimento nos ensinou e a sapiência nos encaminha diariamente aos domínios de um verdadeiro arsenal médico, capaz de trazer de volta o sorriso, encoberto por desorganizações de ordem somática. Porem o questionamento responsável nos conduz a uma pergunta que deve ser considerada: o que fazer quando as etiologias do adoecer se encontram fora do alcance do Bisturi ?